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Tecnologia eletroquímica aplicada ao meio ambiente: projeto de grupo do IQSC trabalhará com interferentes endócrinos

Edifício na área 2 do campus USP São Carlos, onde está instalado o Grupo de Processos Eletroquímicos Ambientais (GPEA). Foto: GPEA-IQSC

Um dos perigos causados pela falta de tratamento adequado da água é a presença dos chamados interferentes endócrinos que, mesmo que em baixas concentrações, podem afetar a nossa regulação hormonal. As fontes desse tipo de substância são as atividades humanas; tanto o esgoto doméstico quanto o industrial são responsáveis por lançar diariamente nas águas uma grande quantidade delas, que se não forem retiradas a partir dos tratamentos convencionais utilizados pelos Sistemas de Tratamento de Águas e Esgotos, podem gerar efeitos nocivos a longo prazo tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana.

A presença destes compostos tóxicos, nos seres humanos, têm sido objeto de estudo e preocupação dos cientistas, já que interferem no sistema endócrino dos seres vivos (animais e seres humanos). O sistema endócrino é composto por glândulas que lançam no sangue os hormônios que influenciam na atividade de diversos órgãos, controlando funções importantes, como por exemplo, o crescimento, a reprodução e a pressão arterial entre outras.

Uma forma de eliminar essas substâncias é a utilização de processos envolvendo oxidativos avançados, que provocam a destruição das moléculas desses produtos, gerando subprodutos não tóxicos. Outro ponto importante é a capacidade da determinação dessas substâncias nas águas, já que elas são encontradas em baixíssima concentração.

A produção de novos materiais capazes de facilitar e agilizar o processo de quebra ou de detectar e quantificar esses compostos químicos é parte dos objetivos do projeto  Estudo e aplicação da tecnologia eletroquímica para a análise e a degradação de interferentes endócrinos: materiais, sensores, processos e divulgação científica, recém aprovado pela FAPESP na categoria Projeto Temático, que também prevê a aplicação dos materiais em processos avançados de tratamento de efluentes e sensores de análise.

O projeto de pesquisa está inserido na área de Eletroquímica Ambiental, uma área de interface de diferentes campos da Química (Físico-Química, Analítica, Ambiental e de Materiais) e da Engenharia (Ambiental, Química e de Materiais) e tem vigência inicial até julho de 2023.

Equipe com colaboradores internacionais

O trabalho será coordenado pelo professor doutor Marcos Roberto de Vasconcelos Lanza, do Grupo de Processos Eletroquímicos Ambientais (GPEA) do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP. Integram a equipe os professores doutores Ana Cláudia Kasseboehmer e Artur de Jesus Motheo, ambos do IQSC-USP, além de pesquisadores de outras Instituições de Ensino e Pesquisa do Estado de São Paulo: Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH-USP), Escola de Engenharia de Lorena (EEL-USP), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE-MCTIC) e Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (DQ-UFSCar).

A este projeto também estão vinculadas cooperações internacionais com pesquisadores do Énergie, Matériaux e Télécommunications (EMT) da Université de Recherche (INRS) em Quebec, Canadá e da Universidad de Castilla-La Mancha (UCLM) da Espanha.

A formação de recursos humanos também está contemplada no projeto, através de bolsas de Doutorado-Direto e de Pós-doutorado e a possibilidade de novas solicitações de outras categorias de bolsas da FAPESP: Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado.

Divulgação científica

Além da divulgação dos conhecimentos científicos produzidos para os pares por meio de artigos científicos, a disseminação dos resultados obtidos ocorrerá também por meio da divulgação científica. Através da produção de material didático para melhoria do ensino de físico-química na Educação Básica e da realização de exposições interativas abertas a estudantes e à população em geral, a equipe espera despertar o interesse por ciência, especialmente entre jovens em idade escolar.

Por Sandra Zambon (Comunicação IQSC) e Murilo Fernando Gromboni (Pós-doutorado IQSC) com informações do GPEA

Notícia cadastrada por Sandra Aparecida Zambon da Silva
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