USP - Universidade de São Paulo
Universidade de São Paulo

Cientistas desenvolvem vidro que pode ser utilizado como termômetro

Pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, da Universidade de Aveiro, em Portugal, e do Instituto de Química (IQ) da Unesp, em Araraquara, desenvolveram um novo vidro especial que pode ser utilizado como termômetro luminescente (que emite luz quando submetido a um estímulo) para medição de temperatura em diferentes áreas. O trabalho foi capa da revista científica internacional Chemistry of Materials

A tecnologia é feita à base de fluoretos (derivados do flúor) e fosfatos (minerais), contendo pequenos átomos de dois metais, o itérbio e o praseodímio. O material vítreo emite luz visível ao ser irradiado por luz infravermelho ou ultravioleta, carregando informações sobre a temperatura do meio ou ambiente no qual o vidro se encontra.

“Ao irradiar os vidros, ocorre a emissão de luz de coloração amarelo-esverdeado. Como existe uma forte correlação entre a temperatura do ambiente no qual o material está inserido e a intensidade da luz produzida, é possível determinar qual é a temperatura do vidro, ou seja, do meio no qual está contido – através de medidas da emissão da luz produzida”, explica Danilo Manzani, professor do IQSC e um dos autores correspondentes do artigo.

Os vidros fabricados apresentam elevada estabilidade térmica, e a luz produzida por eles pode ser utilizada como um sensor óptico de temperatura, conhecido como termômetro luminescente. Segundo os pesquisadores, as vantagens do novo material em relação aos métodos e produtos convencionais de medição de temperatura estão na sua durabilidade e confiabilidade a longo prazo. 

“Os métodos tradicionais requerem uma aferição constante para garantir que o sensoriamento de temperatura seja confiável. Em contrapartida, os novos vidros desenvolvidos neste trabalho apresentam uma habilidade intrínseca de medir a temperatura, o que dispensa a necessidade recorrente de realizar calibrações. Em outras palavras, estes termômetros permitem medir a temperatura recorrentemente com elevada confiança durante muito tempo (anos) sem que seja necessário substituí-los ou verificar se continuam a funcionar corretamente”, afirma Fernando Eduardo Maturi, doutorando da Universidade de Aveiro sob orientação do Prof. Luis Carlos Dias, em cotutela com o IQ.

Altamente sensível e com uma ampla faixa de temperatura, o novo material pode ser empregado para a medição confiável de temperatura em diferentes áreas, como eletrônica, alimentícia, indústria civil, em meio biológico e medicinal (tecidos e órgãos), em ambientes perigosos e a longas distâncias utilizando fibras ópticas. Além disso, este material pode ser usado como um padrão de temperatura para outros termômetros que demandam calibrações frequentes. 

O estudo apresenta uma análise profunda das propriedades desses vidros e de suas potencialidades, contribuindo para a busca de dispositivos avançados e funcionais, ou seja, que apresentem, além das características fundamentais, funcionalidades intrínsecas para as aplicações as quais são destinados. 

O desenvolvimento do trabalho contou com uma equipe multidisciplinar, que possibilitou o estudo sistemático do material de suas propriedades. Além do professor Danilo e de Fernando, o trabalho teve a participação do professor Hellmut Eckert e do Dr. Anuraag Gaddan, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, e do professor Sidney Ribeiro do IQ.  

A pesquisa contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da União Europeia (Marie Skłodowska-Curie Actions).

 

Por Henrique Fontes, da Assessoria de Comunicação do IQSC/USP

 

Contato para esta pauta (Imprensa)
Assessoria de Comunicação do IQSC/USP
E-mail: jornalismo@iqsc.usp.br
Telefone: (16) 99727-2257 – Whatsapp exclusivo para atendimento à imprensa, com Henrique Fontes