O pesquisador Fernando  Mauro Lanças, Professor Titular do Instituto de Química de São Carlos (IQSC-USP), foi homenageado durante o 20º Encontro Nacional de Química Analítica (20º ENQA) e o 8º Congresso Ibero-Americano de Química Analítica (8º CIAQA), por “seu trabalho e pela sua dedicação em prol da pesquisa e do ensino da Química Analítica no Brasil”.

Foto: acervo pessoal do pesquisador

Perguntamos como é ter seu trabalho reconhecido nesse evento que, segundo os organizadores, reuniu cerca de 800 pesquisadores. Em resposta, Lanças traçou uma rápida retrospectiva do seu trabalho e finalizou enfatizando a importância das colaborações recebidas e com as quais deseja contar ainda nos próximos anos, sinalizando que ainda tem muito a contribuir:

“Apesar de parecer um clichê, é óbvio que o reconhecimento é, na prática, fruto de um trabalho de décadas e que envolveu um número imenso de pessoas, incluindo: os alunos de pós-graduação, alunos de iniciação científica, pós-doutorados, pesquisadores colaboradores, funcionários do laboratório, colaboradores da administração, órgãos de fomento, e muitos outros. Assim, ao receber a homenagem como coordenador dos trabalhos, em nome de todos que participaram desde que fundei o Grupo de Cromatografia no IQSC-USP, divido com os mesmos o reconhecimento dos esforços conjunto para atingirmos os objetivos traçados.

Havendo tido a felicidade de estar desde o início trabalhando na área de Química Analítica, pude desempenhar minhas funções acadêmicas voltadas à pesquisa científica “básica” ou “fundamental”, formação de pessoal altamente qualificado e, ao mesmo tempo, aplicar os conhecimentos desenvolvidos em áreas de grande relevância para a sociedade brasileira. Isso ocorreu através de interações com órgãos e empresas do Governo tais como o IBAMA na área Ambiental, a ANVISA na área de Saúde, o MAPA na área de Alimentos e a Petrobrás, USIMINAS e CPFL na área de Energia, dentre outros.

Também pudemos interagir com dezenas de empresas nacionais e multinacionais privadas, não apenas resolvendo problemas críticos das mesmas mas, ao mesmo tempo, mostrando aos alunos as ferramentas que poderiam usar na solução de outros problemas. Ou seja, as empresas traziam para o laboratório problemas que os alunos em fase de formação teriam que enfrentar, posteriormente, em suas vidas profissionais. Esse conhecimento adicional permitiu a formação de profissionais com visão acadêmica e aplicada, de grande valia para a solução de problemas práticos na área de química aplicada a medicamentos, meio ambiente, alimentos, e muitas outras de relevância para a sociedade brasileira. Essas interações foram extensivas à solução de problemas de contaminação de ambientes e pessoas, atendendo solicitação de Prefeituras, do Sistema Jurídico Federal, de empresas poluidoras de mananciais de águas doces, e muitos outros.

Assim, compreendo que o reconhecimento é direcionado para o conjunto das atividades desenvolvidas ao longo desses anos, o qual divido com todos os colaborares com os quais tive a felicidade de contar, conto no presente, e espero continuar a contar nos próximos anos.”

O pesquisador

Fernando Lanças coordena o Grupo de Cromatografia do IQSC-USP. Com 38 anos de existência desde o aceite dos primeiros alunos, o grupo atua em pesquisa, desenvolvimento e formação de recursos humanos com aplicações em quatro áreas principais: energia, meio ambiente, saúde pública e alimentos, além do desenvolvimento de instrumentação visando a unificação de todas as técnicas cromatográficas em uma única técnica analítica: a Unified Chromatography.

Lanças desempenha também um papel importante na formação de recursos humanos qualificados. De acordo com a Plataforma Acácia, mantida pela Universidade Federal do ABC, a qual estuda a Genealogia Acadêmica do Brasil, o professor apresenta na área de Química: “o maior número de alunos orientados que já são orientadores”, e o segundo “maior número total de filhos acadêmicos”, no país. Até o momento completou a formação de alunos de iniciação científica (38), estagiários no país e no exterior (45) e orientou quase uma centena e meia de pesquisadores (71 mestres, 60 doutores e 16 pós-doutores).

Desde a implementação do sistema, é pesquisador 1A do CNPq, enquadramento conferido por comparação entre os pares, considerando dados dos últimos 10 anos e que demonstra capacidade de formação contínua de recursos humanos. É membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP).

Coordena o projeto INCT (Instituto Nacional de Tecnologia) de Alimentos, recentemente aprovado pelo CNPq, em implementação no IQSC-USP.