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Projeto voluntário iniciado por pesquisadora do IQSC já beneficiou várias mulheres

A pesquisadora Eny Maria Vieira sempre se dedicou a ações voluntárias “faz bem pro coração”, diz ela, que também tem como um de seus passatempos preferidos a costura. Quando conheceu o projeto “heart pilow” ou almofadas de coração – em 2020 – não teve dúvidas de que este seria seu próximo objetivo.

O Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP tem tradição de incentivar trabalhos voluntários e há alguns anos a biblioteca é uma das centralizadoras de ações nessa direção. “A biblioteca tem passado por readequação e revitalização dos seus espaços com a finalidade de atender as demandas e expectativas dos usuários, e uma dessas demandas é que o local seja também utilizado para a socialização da vida universitária. Quando oferecemos essas atividades aqui dentro da Biblioteca, ela é aberta a comunidade interna e externa da USP, acreditamos que é mais uma oportunidade da Universidade se aproximar da Comunidade”, ressalta Clelia Dimario, responsável pelo Serviço de Biblioteca e Informação da Unidade.

Almofadas do coração
O “Heart pilow” é um projeto para ajudar pacientes que passaram pela mastectomia. As almofadas do coração são ofertadas imediatamente aos pacientes no pós-operatório para ajudar na recuperação. Esta rede começou quando Janet Kramer-Mai, uma enfermeira oncológica do Erlanger Medical Center em Chattanooga, Tennessee, foi diagnosticada com câncer de mama em 2001. Ela ganhou de suas três tias de Indiana (EUA) uma almofada em forma de coração para usar após a cirurgia.

A almofada, que se ajusta confortavelmente sob o braço, pode aliviar a dor da incisão cirúrgica, proteger contra colisões acidentais, ajudar a aliviar o edema e aliviar a tensão nos ombros. A Sra. Kramer-Mai aprovou a ideia e começou o projeto em seu hospital, com grupos de voluntários fazendo os travesseiros.

Segundo relatos, o projeto chegou ao Brasil aproximadamente em 2010, por meio da Sra. Ondina Almida Posiadlo. Em 2015 a campanha tomou impulso com o Outubro Rosa e está se espalhando por todo o país.

Como a iniciativa cresceu e uniu pessoas
A professora Eny Vieira partilhou sua intenção com Clelia Dimário, funcionária do IQSC, que também se dedica à costura em suas horas de lazer e é voluntária regular junto a uma ONG que atua com crianças carentes. Esta, abraçou a causa e partilhou a proposta com Glaucia Dotta do Centro de Tecnologia da Informação de São Carlos (CeTI-SC/USP) e com Sandra Zambon do IQSC, que se dedicam à costura e ao artesanato como lazer e atuam como voluntárias regulares em outras instituições. Sandra convidou sua irmã e também funcionária do IQSC, Núbia Zambon. A elas se uniu Julia Zambon e Aparecida Doro: “Passamos uma tarde gostosa em família, fazendo corações”. Cleverci Malaman do Instituto de Arquitetura e Urbanismos (IAU) da USP São Carlos foi convidada pela Glaucia Dotta, que convidou uma amiga de Taquaritinga e assim a “corrente do bem” foi crescendo.

Eny e as almofadas feitas por Cleverci e amigas. Foto: Clelia Dimario

 

Ações voluntárias “do bem” são contagiosas e a ideia também foi abraçada por outras servidoras ativas e aposentadas do IQSC, além de amigas da Comunidade de São Carlos e da região: “são várias e é difícil nominar todas”.

Em março de 2021 foram doadas 50 almofadas à Rede Feminina de Combate ao Câncer, de São Carlos. No dia 28 de outubro foram entregues mais 50 almofadas. “Trabalhamos o mês todo e queríamos encerrar o mês de outubro – Outubro Rosa – fazendo nova doação”, informou Eny.

Além do plumante, cada almofada é recheada de sentimentos e pensamentos positivos: “É um carinho a todas essas mulheres e uma maneira de lembrá-las que não estão sozinhas nesta luta, mesmo não as conhecendo pessoalmente, estamos aqui enviando energias positivas para que essa fase difícil também passe”.

Benefícios para todos
Neste projeto, o benefício não se restringe às mulheres mastectomizadas. Flávia Marchesoni, Gerente Administrativo da Rede Feminina São-carlense de Combate ao Câncer, informa: “ficamos imensamente agradecidas com a doação das Almofadas do Coração, nossas pacientes se sentem acarinhadas e acolhidas com essa almofadinha, apesar de específica pra mastectomizadas, para mais conforto na área da axila e mama, outras pacientes com outros tipos de câncer também pedem a almofada, pra ter esse carinho por perto, lembrar que não estão sozinhas nesse momento difícil, e que o amor tem uma força incrível.”

Segundo Carolina Spindola, estagiária em Psicologia junto ao Projeto “Bem Estar” do IQSC os benefícios do trabalho voluntário são vários: “Para as pessoas que se propõem a trabalhar voluntariamente percebe-se benefícios em várias áreas da vida pessoal. O ato de proporcionar ajuda para outras pessoas pode gerar bem-estar físico e mental.” Acrescenta que “o trabalhador pode vivenciar momentos de redução do estresse, senso de retribuição social, estabelecimento e fortalecimento de vínculos e construção de uma identidade social”. Carolina alerta que embora esses benefícios possam ser percebidos pelo voluntário, há a necessidade de comprometimento real com o trabalho, “que demandará tempo, energia e disponibilidade, para além da sensibilidade inicial.”

Como participar
Para fazer o bem não é necessário ter uma habilidade específica. Basta a vontade e a disposição. Há inúmera formas de colaborar.

Nesse projeto, por exemplo, quem não tem habilidade com costura, colaborou doando material ou um pouco do tempo disponível para fazer o enchimento das almofadas. “Toda a sociedade são carlense esta convidada a participar do projeto”, convida Eny.

O que você pode doar:
– Tecido 100% algodão;
– Manta siliconada antialérgica;
– Saquinho plástico para armazenamento da almofada pronta (60cm x 70cm ou 60cm x 60cm)
ou a almofada pronta, seguindo molde e orientação que podem ser solicitados pelo whatsapp.

Contato sobre o projeto ou para fazer a doação:  (16) 991126997

Como disse Sherry Anderson: “voluntários não são pagos, não porque não têm valor, mas porque são impagáveis.”

Câncer de mama
Contrariando o que muita gente acredita, o câncer de mama atinge também os homens, embora estatisticamente, a incidência seja menor entre eles.

O auto-exame, nos dois casos, é essencial para o diagnóstico precoce, o que aumenta as chances de tratamentos menos agressivos e as chances de cura.

O site do INCA – Instituto Nacional do Câncer traz informações sobre o assunto.

Por Sandra Zambon com informações de Eny Vieira e Clelia Dimário/IQSC

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