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Vencedor do Nobel de Química tem relação de longa data com o IQSC

Da esquerda para a direita: professor Germano Tremiliosi, K. Barry Sharpless e Carlos Montanari. Foto: IQSC/Divulgação

A Academia Real das Ciências, com sede na Suécia, anunciou nesta quarta-feira (5) os vencedores do Prêmio Nobel de Química. A honraria foi conferida aos pesquisadores Carolyn R. Bertozzi, Morten Meldal e K. Barry Sharpless. O trio é responsável pelo desenvolvimento de uma técnica que, resumidamente, facilita a geração de reações químicas e, por consequência, a construção de novas moléculas, que podem auxiliar em diversas frentes de aplicação, como na área da saúde. 

Agraciado pela segunda vez com o Nobel de Química (a primeira conquista ocorreu em 2001 por outro trabalho na área), o pesquisador K. Barry Sharpless possui antiga relação de colaborações científicas com o Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, onde já esteve algumas vezes. Em 2010, por exemplo, foi homenageado com uma medalha de honra ao mérito entregue pelo então vice-diretor Germano Tremiliosi Filho e pelo professor Carlos Alberto Montanari. 

Diploma de Honra ao Mérito que K. Barry Sharpless recebeu do IQSC em 2010. Foto: Divulgação/IQSC

Sharpless sempre apoiou o desenvolvimento do Instituto. Uma de suas mais importantes contribuições foi a participação na criação do Grupo de Química Medicinal do IQSC (NEQUIMED), referência no estudo e desenvolvimento de candidatos a fármacos para diferentes patologias. Coordenado pelo professor Montanari, o Grupo tem como foco a realização de trabalhos voltados para o combate a Doenças Tropicais Negligenciadas, como a Doença de Chagas e Leishmanioses. Pesquisas direcionadas para o Câncer e, mais recentemente, para o enfrentamento da Covid-19 também são desenvolvidas. 

Confira, abaixo, o depoimento da Diretoria do IQSC sobre o reconhecimento a K. Barry Sharpless: 

“Quem somos e o que fazemos era a visão de Alfred Nobel para um mundo melhor. Ele acreditava que as pessoas são capazes de ajudar a melhorar a sociedade por meio do conhecimento, da ciência e do humanismo. O Prêmio Nobel é um prêmio anual para contribuições extraordinárias à química, física, fisiologia e medicina, literatura, economia e paz. É o prêmio de maior prestígio que se pode receber nesses campos.

O Professor K. Barry Sharpless, que acaba de ser laureado com o Prêmio Nobel de Química em 2022 juntamente com outros dois laureados por desenvolverem a química do clique (click chemistry) e a química bioortogonal, esteve no Brasil em diferentes ocasiões como convidado de honra do Simpósio Brasileiro em Química Medicinal – BrazMedChem. Durante a sua visita a São Carlos, em 2010, o Instituto de Química de São Carlos concedeu-lhe a medalha de honra IQSC (“IQSC Medal of Honor”), em reconhecimento por suas excepcionais contribuições e pivotal avanço do IQSC/USP.

O Professor Sharpless é um pesquisador que desafia a especialização. É um pensador criativo que sintetiza inovações! Quando visitou o IQSC, enfatizou o que havia pronunciado por ocasião do primeiro prêmio em 2001: “A disciplina, no entanto, é exigente: tudo o que pode ser observado deve ser observado. O objetivo é sempre encontrar algo novo; e, melhor ainda, até então inimaginável”. E completou, “o que o oceano é para uma criança, a Tabela Periódica é para o químico…”. 

Como um verdadeiro polímata criativo, Barry contempla conhecimentos formais e informais de disciplinas amplamente variadas para produzir ideias novas e úteis. Seu testemunho é que a polimatia criativa é uma habilidade que pode ser aprendida. As estruturas moleculares magníficas encontradas em plantas, microrganismos e animais estimulam os pesquisadores a construir as mesmas moléculas artificialmente. A imitação de moléculas naturais também tem sido uma parte importante no desenvolvimento de produtos farmacêuticos, pois muitos deles foram inspirados em substâncias naturais.

O conhecimento acumulado em química ao longo do tempo provê ferramentas sofisticadas para criar moléculas surpreendentes em laboratórios. O grande desafio nesse processo se dá por força da natureza segmentada da síntese que envolve a separação de subprodutos durante as etapas das reações. Barry Sharpless, acreditando que os químicos poderiam parar de imitar moléculas naturais, revolucionou esse conceito quando cunhou a química do clique para uma forma funcional de química: blocos de construção molecular encaixam-se de forma rápida e eficiente.

Ligações entre átomos de carbono que são vitais para a química da vida – em princípio, todas as biomoléculas têm uma estrutura de átomos de carbono ligados que, embora facilmente realizadas pela natureza, são difíceis para a química. A razão principal disso se dá porque os átomos de carbono precisam ser ativados. Como gosta de enfatizar “costurando com nitrogênio” ou oxigênio, as moléculas pequenas com estrutura de carbono completa são mais fáceis de controlar e evitam muitas reações indesejáveis. Essa foi a lição que deixou-nos: “combinar blocos de construção químicos simples para criar uma variedade quase infinita de moléculas”.

O Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo, por sua ímpar notoriedade em premiar o Prof. Barry Sharpless em 2010, antecipava sua característica essencial: “aprender sobre o método científico e adquirir habilidades em pensamento crítico, raciocínio dedutivo, resolução de problemas e comunicação”.

 

Por Assessoria de Comunicação do IQSC/USP